Caio Luis Mais um de Elisa Lucinda


Termos da nova dramática (Parem de falar mal da rotina)
Parem de falar mal da rotina
parem com essa sina anunciadade que tudo vai mal
porque se repete.
Mentira. Bi-mentira: não vai mal porque repete.
Parece, mas não repetenão pode repetirÉ impossível!
O ser é outroo dia é outroa hora é outrae ninguém é tão exato.
Nem filme.
Pensando firme
nunca ouvi ninguém falar mal de determinadas rotinas:chuva dia azul crepúsculo primavera lua cheia céu estrelado barulho do mar
O que que há?Parem de falar mal da rotina

beijo na boca o nos peitinhos

água na sedeflor no jardimcolo de mãe
namoro aidades de banho e batom
vaidades de terno e gravatavaidades de jeans e camiseta
pecados
paixões
punhetas
livros
cinemas
gavetas
são nossos óbvios de estimação
e ninguém pra eles fala não abraço
pau
buceta
inverno
carinho
sal
caneta e querosão
nossas repetições sublimese não oprime o que é beloe não oprime o que aquela hora chama de bomna nossa peçana tramana nossa ordem dramáticanosso tempo então é quandonossa circunstância é nossa conjugação
Então vamos à lição:gente-sujeitovida-predicadoeis a minha oração.Subordinadas aditivas ou adversativasaproximem-se!é verãoé tesão!
O enredoa gente sempre todo dia teceo destino aí acontece:o bem e o maltudo depende de mimsujeito determinado da oração principal.

29 de outubro de 1997

Comentários

Postagens mais visitadas